domingo, 21 de fevereiro de 2010

Exposição Baycroc dia 11/03


Street art, arte urbana. graffiti, arte nas ruas...arte de protesto...marginal...transgressora
...conquista museus, galerias e organiza bienais. O que era trangressor ontem é artista hoje. Situação que demarca um período de transição cultural e exige disposição crítica que alimente este debate.
Não temos mais dúvidas da relevância do graffiti no cenário da arte contemporânea e de sua condição de inaugurar comportamentos e conceitos, lançar talentos, ampliar o sistema de produção, discutir a distribuição e o consumo da arte, assim como os valores, as instituições e as relações sociais.
Esta passagem da arte das ruas para os ambientes fechados inverte o processo usual: ao invés de remeter as ações externas para as relações internas, para o refúgio do espírito, ao contrário, recupera a estética, o comportamento, as ações, o espaço e o espírito exterior. É a rua que invade e ocupa a galeria, os museus, re-significando espaços e comportamentos, inserindo o interno no externo e vice-versa, re-traduzindo exigências e designações, onde a ocupação e a comunicação se aliam a pesquisa formal, fomentando a desapropriação espacial e cultural.
A atitude crítica está sempre por detrás do mais ingênuo, infantil, amoroso e divertido graffiti. A diferença é que a ocupação do espaço desejado passou da fase externa para a interna. Se enganam aqueles que pensam se tratar aí de uma submissão, ao contrário, é uma apropriação com exigências estéticas, comportamentais e políticas.
Nesta situação o graffiti interno persegue os mesmos objetivos do graffiti externo, ou seja, a pesquisa formal está a serviço da comunicação, a ação participa e interfere nos espaços, desapropria o privado, alimenta a imaginação e exige mudança de comportamentos e de valores. O trabalho artístico deixa de ser um trabalho solitário para traduzir a ação cotidiana, re-significando espaços e comportamentos, estendendo as relações, assumindo os fruidores casuais, as crianças, recuperando ações e valores desprezados, ocupando espaços desejados e aproveitando elementos encontrados.
A galeria ou museu que comporta este trabalho traduz e reforça as intervenções externas do graffiti urbano... é mais a rua estendida, invadindo os corredores internos.
Esta reflexão anterior é conseqüente de uma análise da exposição “Baycroc”, arte urbana, de Caio Augusto Bill, um dos representantes da “street art” em Curitiba/PR.
Seus “Baycrocs” sugerem, pelas ruas, uma guerrilha cultural, irônica e até divertida. Caio, atirando batatas, se apropria da imaginária popular e afirma a necessidade diária da indignação, ao mesmo tempo em que busca, pela intervenção urbana, colorir o cinza de Curitiba.

Curitiba, março 2010.
Joice Gumiel Passos


Exposição “Baycroc” de arte urbana.
Subsolo Galeria de Arte, Ctba/PR
de 11/03 a 10/04


Mais informações: www.flickr.com/photos/baycroc/

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